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Desigualdade social: Fator agravante no combate ao Covid-19


O Sistema Único de Saúde (SUS) criado pela Lei 1.080/1990, como forma de regulamentar o que determina a Constituição de 1988,  no âmbito da Seguridade Social e da qual a Saúde é parte intrínseca,  resultou da ação reivindicativa dos movimentos sociais na sua luta por melhor atendimento nessa área, porém contra o desejo da elite dominante brasileira que nunca o viu com bons olhos. Aliás, sempre jogou para impedi-lo de ser realizado na sua plenitude.  


Em que pese o SUS possuir caráter universalizante e ser responsável pelo atendimento exclusivo de cerca de 75% da população brasileira, desde a sua criação  medidas  vêm sendo adotadas  visando atender aos interesses das oligarquias financeiras centrados em redes de planos de saúde privados, etc., e que nunca abdicaram do desmonte dessa forma de serviço público. 


A prova cabal dessa afirmação são os frequentes cortes feitos pelo governo no seu orçamento e ainda a aprovação, em 2016, da PEC/95, a chamada “PEC da Morte” que congelou por 20 longos anos os gastos com a saúde pública no Brasil. 

Não obstante isto, o SUS vem demonstrando, ao longo dos seus 30 anos de existência, ser não somente vital, porém o mais  abrangente e um dos melhores sistema público de saúde do mundo. 


Acreditamos, então, que todas essas mortes, mais 20 mil até o momento, causadas pela pandemia do coronavírus, são em grande medida resultantes das despropositadas ações de governo e contrárias aos interesses do grosso da população. O que, evidentemente, traz sérias implicações em um sistema de saúde que, em vez de implementado com vistas a sua melhoria, ano após ano vem sendo precarizado e reduzido na sua estrutura e alcance.  


No caso da pandemia, por exemplo, não lhe está sendo permitido atender com eficiência e presteza a enorme quantidade de pessoas infectadas. Óbvio que há a falta de consciência por parte de muitos a respeito da necessidade de se manter em distanciamento social e, com isso, reduzir o contágio pelo vírus. O que muito ajudaria o sistema de saúde hoje à beira do colapso. Mas aqui temos um sério problema. Quem mais desrespeita as regras do isolamento social proposto por governadores e prefeitos é, antes de tudo,  parcela da classe média que não perde a oportunidade para ocupar, a pé ou em carretas, avenidas, parques e praças, viajar para outros lugares e, assim, contaminar e/ou ser contaminada pela COVID-19. 


O povão que ocupa as ruas dos bairros onde mora age desse modo em parte por ignorância e até incentivado por Jair Bolsonaro que, maneira irresponsável, tem revelado desapreço às recomendações da comunidade cientifica brasileira e internacional. Porém, a grande maioria o faz por ter pouca ou nenhuma renda assegurada para poder ficar em casa protegida do contágio pelo coronavírus. Se não é assim como se explica essa quantidade imensa de pessoas diariamente transportadas por ônibus e metrôs superlotados? 


Os ricos, que exigem dos trabalhadores a sua presença no emprego, desconsideram ou fingem desconsiderar esses aspectos. Querem resultado a qualquer custo, enquanto se protegem de todas as formas, já que possuem condição material para tanto. Basta que se olhe o número de infectados e de mortes, em São Paulo, nos bairros com melhor renda, em relação a outros, periféricos, onde em regra a vida é precária. 


Se nos bairros pobres ocorrem aglomerações, principalmente nos fins de semana, é preciso compreender que as pessoas saem também às ruas à procura de comércio aberto para comprar o que sua pouca renda permite. 

Não podemos esquecer que antes da pandemia o Brasil contava com 12 milhões de desempregados, mais 38 milhões vivendo na economia informal, sendo que, 4,8 milhões, eram de desalentados (pessoas que há mais de dois anos já não saíam à procura trabalho, pois, nesse sentido, haviam perdidos a esperança). 


Onde está toda essa gente  neste momento triste? Dentro de casa, em isolamento social? Não acreditamos nisso, pois se antes da crise epidêmico-viral a situação para essas pessoas estava péssima hoje tornou-se um inferno. Portanto, entre morrer de fome e contrair o vírus, o sujeito pode preferir arriscar-se e ir atrás de alguma renda, pois a barriga “fala” primeiro. Não só a dele, mas também a da família. 


Óbvio que existe um bando de desinformados que, como dissemos acima, segue o que diz o genocida Bolsonaro e, então, arrisca-se a sair às ruas, ir a botecos e tudo mais. Isto é fato. Outros se recusam a usar máscara e/ou luvas, tomar os cuidados devidos, já que errônea e/ou equivocadamente supõem que Deus os protege, ou que essa onda de adoecimentos é pura invenção da mídia. Uma tremenda bobagem, falta de visão sobre o mundo real. 


Ressalte-se, porém, que o governo do capitão Jair possui responsabilidades nisso.  

Ao assumir o governo não adotou as medidas necessárias para alavancar a economia (em 2019 o crescimento do PIB brasileiro foi de apenas 1,1%) e, sendo assim, é notório que não cuidou de criar empregos, investir em saúde,  educação, em habitação, em melhoria do transporte público, em nada.  Prometeu, mas não atendeu aos micros, pequenos e médios empresários, como se está fazendo na Europa e Estados Unidos, por meio linhas de financiamento com juros baixos, longas carências para pagamento, a fundo perdido e sem burocracia. 


Enfim, precarizou ainda mais a vida e, portanto, deixando a maioria em estado vegetativo. Ou seja: ao deus-dará.  Em função disso quem mais está morrendo são os pobres. O resultado não poderia ser outro senão este que acaba de se refletir até o momento em milhares de mortes. Incluído  nesse rol está um grande número de profissionais da saúde. O que é lamentável!


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